sábado, 30 de outubro de 2010

FESTIVAL FOLCLÓRICO CAIÇARA

FESTIVAL FOLCÓRICO CAIÇARA

ILHA DE QUATIQUARA – ITAGUAÍ/RJ

A Baia de Sepetiba que banha os bairros da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, nas praias da Barra de Guaratiba, de Pedra de Guaratiba, da Brisa, do Cardo, de Dona Luiza e de Sepetiba; toda a orla da cidade de Itaguaí e a praia de Itacuruçá na cidade de Mangaratiba comunica-se com o Oceano Atlântico por duas passagens: a oeste pelo arquipélago que limita com a Restinga de Marambaia, e a leste pelo canal da Barra de Guaratiba, possui uma vocação natural para o turismo ecológico, bem como para toda a atividade pesqueira, seja ela natural da referida atividade ou agregada como a maricultura e suas fazendas marinhas.

De ponto estratégico para o escoamento do ouro captado nas Minas Gerais, quando então era conhecida como Porto do Ouro, a Baia de Sepetiba viveu a condição de Midas às avessas, com a criação do Porto de Itaguaí, com os empreendimentos imobiliários e com a falta de tratamento dos resíduos líquidos residenciais, comerciais e industriais, que escoavam direto para suas águas por dezenas de anos, transformando-a em um enorme esgoto a céu aberto, um crime ambiental que transformou em vítimas diretas os caiçaras que viviam do trabalho no mar.

Das comunidades indígenas, das invasões dos corsários, do tráfico de escravos, das comunidades quilombolas, da exportação e do contrabando do ouro e do café, só restou o que consta nos poucos livros que contam parte das histórias, sem consistência. Com a chegada do progresso, aos poucos a cultura caiçara foi dando espaço ao novo, que trouxe à reboque a exploração imobiliária e a poluição. Assim, os caiçaras distanciando de suas origens, precisaram buscar novas fontes de recursos nas cidades, em sua grande maioria na construção civil, mas nos períodos de folgas, a essência do mar os chama como um imã.

Os catadores de caranguejos, personagens típicos da região, quase desapareceram como suas catas. Os turistas que chegavam em condições de igualdade, desembarcando do trem de passageiros, o famoso macaquinho, agora chegam pelas rodovias em suas luxuosas, possantes e poluentes carruagens. As suntuosas mansões, as luxuosas embarcações e o lixo abandonado pelos turistas sem preocupação com o meio ambiente, contrastam com a mata nativa, com as poucas casas de pau-a-pique ou rústicas e com os barcos a remo.

Nosso objetivo é o resgate da história caiçara, fortalecendo seus aspectos representativos, seja na pesca, na caça, na agricultura, na gastronomia, na medicina alternativa, no trabalho, na construção civil ou na indústria naval, e principalmente nas expressões musicais, preservando e fortalecendo a cultura caiçara, um importante patrimônio imaterial que vem se corrompendo ao longo dos anos, principalmente pela globalização e pela artificialização do meio ambiente, apropriando-se dos espaços de acordo com as necessidades de expansão, reduzindo a natureza a um simples empreendimento econômico, ignorando as medidas de proteções ambientais como a APA (Área de Proteção Ambiental) e a ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico) e condicionando o indivíduo a novas regras e as grandes marcas.

Itaguaí, por ter a totalidade da sua costa banhada pelas águas da Baia de Sepetiba e por ser a cidade que mais vem sofrendo transformações ambientais, visuais e culturais nos últimos 10 (dez) anos, foi escolhida para ser o eixo da eclosão para o resgate de toda a história caiçara, e este será o papel do FESTIVAL FOLCLÓRICO CAIÇARA, o maior festival folclórico da região sudeste do Brasil, a ser realizado na Ilha de Quatiquara, na cidade de Itaguaí/RJ, banhada pelas águas da Baia de Sepetiba, nos dias 12, 13, 14 e 15 de novembro de 2011, uma variada programação com encenações teatrais, com apresentação de shows musicais, de grupos folclóricos, de artistas regionais e com exposições variadas.

PARTICIPE!!!